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9.11.04

Para a frente, a todo o gás! 

Perturba-me este momento. Sinceramente.
Em Portugal não se fala sobre design. É ponto assente, todos concordarão; porque sabemos que alguém está bem instalado e porque sabemos que quem não está, também se acomodou a tal. Não existe uma publicação, revista, jornal ou livro, verdadeiramente sério sobre o assunto. Portanto, tudo o que diga respeito à moda, à decoração ou à arquitectura não estará englobado neste conjunto. Não existe programa de televisão ou rádio verdadeiramente sério; portanto tudo o que diga respeito à arte ou à publicidade, não estará englobado neste conjunto. Não existe artigo, coluna ou reportagem verdadeiramente séria e portanto tudo o que diga respeito a aproximações de supostos sabichões ou esboços de pretensão, não estará englobado neste conjunto.
Restam os blogs.
Incomoda-me que assim seja, tanto como me incomoda quem se recusa a acreditar e aceitar a situação tal como está. Apresentem factos que o desmintam! Não argumentos, mas factos. Onde estão textos sérios escritos sobre design? Assumidamente actuais, sobre Portugal, críticos ou informativos. E excusem-se, por favor, a lugares-comuns e às confusões que possam advir das excepções mencionadas.
Contudo, mesmo os blogs têem-se mostrado incapazes, na maioria, de avançar ou sequer continuar. Houve inícios interessantes para rapidamente acabarem, infelizmente. Houve desânimos, muito esforço e poucos objectivos, blogs supostamente informativos, onde de quando a quando se tentava debater alguns assuntos mais sérios, mas onde no entanto podia participar todo e qualquer cibernauta com teclado. Existem outros de qualidade indiscutível, mas aproximando-se de uma saturação. Até Andrew Howard tentou ter um blog, o que até podia ter sido bem pensado, caso ele ou quem por ele escrevia, soubessem o que estavam a fazer.
Não deixa de haver alguma piada e ironia neste contexto. Por um lado, designers que desvalorizam a importância deste e de outros blogs, alguns que opõe uns a outros, mas nada dizem sobre a falta de iniciativa das instituições públicas ou privadas que alguma responsabilidade têm ou podem ter na área do design, no que diz respeito à presença do debate, da informação ou da discussão no quotidiano das nossas actividades. Mais graça tem a difamação a que os blogs estão expostos, pelo cinismo daqueles que apesar de tudo, teimam em regressar para ler, o que só prova a sua real necessidade de informação. E por outro lado, a perspectiva empreendedora de alguém que não tendo recursos ou sendo-lhe recusados os mesmos, decide providenciar na mesma essa regularidade, mas que considera que uma má crítica, uma deturpação ou uma indiferença sejam suficientes para aborrecimentos ou dúvidas sobre continuidade.
Era o que faltava.

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