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21.11.04

A Imagem... sempre a Imagem 

Por vezes tenho a sensação que tentam passar a perna ao público. É uma desconfiança minha, não será concerteza generalizada, daquilo que tende a assumir, dependendo da posição de observação, um carácter falso ou simplesmente rídiculo.
É díficil, por vezes impossível, definir correctamente e por palavras, aquilo que uma imagem representa. Talvez pela diferença no código linguístico, pela fraca disposição para manifestarmos em verbo o que vemos ou até pelo fosso que separa as duas formas de expressão. Quando se trata de uma Imagem Institucional, a questão complica-se: quem a cria e concebe tem que a justificar perante o cliente, ou seja, a dita instituição; antes mesmo de o fazer ao restante público. Passa então a haver uma relação que classifico de puro desfazamento e causa de humor pelo mundo fora, a que existe entre designer e cliente. O designer nunca entende o que o cliente diz e o cliente nunca entende o que o designer faz. Considero que este desfazamento é tão óbvio quanto incontornável, o designer irá sempre receber a informação de uma pretensão e é comum atribuir-lhe um significado e projectar para ela uma qualquer imagem mental; por outro lado o cliente estará sempre influenciado por uma quantidade de objectos visuais que se assemelham, numa menor ou maior escala, ao que pretende. Depreendendo que cada designer tenta abordar cada projecto como sendo único, a distância entre a vontade de um e a expectativa de outro aumenta. Naturalmente, dentro das perspectivas pessoais, o processo de comunicação é vulnerável e disfarçado, o que passa por bom entendimento, não o é; e quando tal acontece, o que corresponde à maioria das situações, também ninguém se manifesta e prefere acompanhar. No fim, na conclusão e apresentação pública do projecto, acabam por se soltar chavões e lugares-comuns, frutos desse suposto entendimento, desprovidos de lógica, contexto ou base de aceitação.
Foi o que aconteceu e vamos pensar assim, com a nova imagem dos CTT. Constatam que: «os Correios mantém-se fiéis ao cavalinho, agora mais estilizado, potenciando o prestígio e dinamismo que já caracterizavam a identidade dos CTT. A energia e modernidade associados à marca, continuam presentes na cor vermelha que perdura. Símbolo e cor continuam a facilitar a identificação da empresa junto dos seus variados públicos. Com este lifting, os CTT posicionam-se no século XXI com um novo espírito e uma nova vontade.»
Portanto os CTT querem convencer o público que, apesar de não incluirem nada de novo, têem um novo espírito e uma nova vontade. O termo lifting sugere precisamente a contradição do que enunciam; para lá das conotações do termo, se não existe a adição ou substituição de um novo elemento será impossível que a Imagem com os mesmos elementos manifeste algo novo.
Mais, ao fazer uma comparação entre as duas imagens, antes e depois, noto um pormenor preocupante: falta o envelope que o cavaleiro segurava na mão. Quererá isto dizer que os Correios já não vão entregar cartas? É que fazerem um lifting à capa, percebe-se e aceita-se, mas não é suposto a Imagem de uma instituição informar sobre o que é a instituição, ou existe a presunção nos CTT que todos os conhecem e por isso tal não é necessário? A Imagem é precisamente isso, a substituição em vários locais da própria instituição, ou a identificação da mesma.
E isto é ser simpático, porque ainda fazemos um esforço em olhar e compreender, a maioria dos cidadãos e utilizadores dos CTT nem sequer deu pela renovação, o que acresce o nível de desilusão para um patamar superior. Porque se existe a criação ou transformação da Imagem dos CTT, será a pensar em quem?
Quanto dinheiro dispensou esta instituição à 37 design e à Brandia, para estes afirmarem que uma nova posição estratégica é manter tudo na mesma e apagar-se uma capa?
Vamos apenas pensar que é dificil descrever as imagens por palavras...

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