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12.7.04

Exmo. Sr. Professor 

Catedrático, associado, auxiliar, com ou sem agregação, adjunto, assistente, equiparado ou não, a si me dirijo na convicção de que V. Ex.ª tomará por certo a atenção devida e que julgo ser necessária para o tema que humildemente exponho. Sabe V. Ex.ª que o Ensino Superior é a garantia fundamental da educação nacional; sem diferenciar entre Público e Privado ou entre Universitário e Politécnico, nele reside a esperança de um país, dele depende o desenvolvimento nos mais diversos níveis da sociedade portuguesa. Sabe também V. Ex.ª que é necessário e até indispensável dotá-lo das mais completas e seguras características possíveis.
Decerto reconhecerá V. Ex.ª que para cumprir tais objectivos e porque é de ensino que falamos, é incontornável escolher os melhores professores, ou seja, dos candidatos à disposição, preferir os que melhor prestação poderão dar. Baseando esta escolha na posição actual que ocupam, na compreensão académica e na posse de experiência comprovada.
Em Design o terreno é escorregadio, compreendemos. O que se ensina em Design? Uma teoria e uma prática - certo -, mas o que não podemos duvidar é que acima de tudo o design é uma realidade e que para transmitir um domínio e um conhecimento dessa mesma realidade torna-se fundamental a experiência.
Detesto, em certas ocasiões, pôr o dedo na ferida. Sobretudo nesta, pelo melindroso que é tão somente referi-la enquanto problema, em especial se tivermos consciência que a maior parte deste assunto se passa num plano de secretismo, afastado do conhecimento de um leque minimamente alargado. As decisões de contratação de docentes para o Ensino Superior são tomadas não se sabe muito bem por quem; mesmo quando temos a informação do júri, desconhecemos por completo que pressões existem, quem realmente escolhe, quem classifica, quem propõe, por que razões.
Tendenciosamente têm-se escolhido aqueles que como proposta, pretendem vir a ser (conhecedores, capazes, informados, críticos, activos) mais do que serem-no já. Os níveis de eficiência devem à partida ser antecipados pelo grau de conhecimento e experiência que cada um tem. Se vamos contratar alguém para dar aulas, que para além de nenhuma ou pouca experiência na matéria nem sequer tem prática na profissão, para quê contratar de todo? É o que tem acontecido um pouco por toda a parte, foi o Sr. Dias na FAUTL, a Srª. Vieira da Silva e a Srª. Rodrigues na FBAUL, o Sr. Brandão na ARCO, o Sr. Baptista na ESAD/IPL, uns quantos no IADE e o Sr. Ferreira na ESTAL. A lista até continuava...
Em concursos públicos até já há uma preferência por alguém com experiência em docência, como que esta qualidade fosse requisito sine qua non para provar a necessária competência para o cargo. Em certos locais metade do pessoal docente nunca tinha sido professor; a maior parte, o que é pior, nem nunca foi designer, apenas estudou; esta não é a volta a dar ao problema.
Os cursos não estão a ter o efeito desejado ou desejável, a formação final não é a esperada e muito menos a exigida. Os alunos mais atentos e preparados estão descontentes, manifestam-se aqui e ali contra uma prática de ensino estática, relaxada, despreocupada. Não são raros os casos em que os próprios alunos têm um nível de informação e conhecimento (já para não falar na prática) superior a uma grande parte de assistentes, estagiários ou não.
Exmo. Professor, queremos acreditar que não leva uma vida boémia e que anda a tentar resolver estas questões quando não está nas aulas, mas torna-se difícil.

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