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19.4.04

Omissões 

Ontem saiu no Público a lista dos seleccionados no concurso Jovens Criadores. Não conheço os projectos e consequentemente não me irei pronunciar sobre a sua selecção. Existe contudo uma ou outra questão a que dediquei a minha atenção (tenho acompanhado as Mostras e os catálogos sobretudo) e que aqui coloco sob a forma de apontamento.
Começo pela que julgo ser mais consensual e de alguma importância, este concurso tem feito um esforço por se apresentar em diversos locais do país, numa clara opção de descentralização e de enriquecimento da presença criadora em zonas não conhecidas por isso. Parabéns por tal facto!
Mas o que mais incomoda são os 3 aspectos que envolvem o júri. A saber:
1. A criação devia, parece-me, renovar-se. A certas ideias seguem-se outras, a processos de trabalho seguem-se outros, tal como a resultados deverão igualmente seguir-se outros, de preferência diferentes, distantes ou próximos, mas que testemunhem um desenvolvimento, uma orgânica. Ora o júri dos Jovens Criadores, ao longo de vários anos, discorda. Têm uma tendência para preferir o que já conhece. Por exemplo, o júri de Design Gráfico entende esta actividade de uma única e inequívoca maneira. Design Gráfico é "isto" e nunca poderá ser "isso". E deste nível de compreensão quantas promessas perdemos? O que eles não conhecem, não gostam; não gostando, desprezam.
2. Nunca é anunciado com a devida antecedência. Quem vai pagar 7 ou 8 Euros de inscrição por projecto devia ter direito a conhecer o júri que o vai avaliar, para saber se quer submeter-se a esse juízo ou não. É corrente nas áreas da criação haver discordância e julgo que é bastante razoável e aceitável, mas para quê concorrer a algo que à partida não se pode ganhar, para quê submeter-se a um julgamento para o qual não existe defesa? Talvez o Clube Português de Artes e Ideias não angariasse tanto dinheiro, afinal parece que têm sido cerca de 1000 concorrentes por ano, mas não traria alguma justiça ou direito de opção?
3. A própria escolha do júri. Ângela Ferreira em Artes Plásticas? A senhora não dá aulas porque não sabe como avaliar os outros e vai ser elemento de júri? Rita Filipe em Design Gráfico? Quem desenha candeeiros não devia estar noutra área? Daniel Lima em Ilustração? Um júri que trabalha nesta área há tanto tempo como os concorrentes? Em Design de Equipamento serão sempre os clones, porque ter Miguel Viera Baptista ou José Viana ou Marco Sousa Santos ou Paulo Parra ou Filipe Alarcão, é exactamente a mesma coisa. Não vamos sequer falar da Patricia Gouveia (Ciber Arte)...
E isto só este ano, muito foi o que ficou por dizer em anos passados.

P.S. - O anúncio que figura na página de o Público não menciona em que cidade vai ser apresentada a Mostra; esclarece que é no antigo BNU, hoje CGD, mas quem não vive em Lisboa, vai adivinhar? Ou a Mostra é só para conhecidos?

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