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30.3.04

Não há coincidências (?) 

No seu último comentário o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa afirmava que em política não haviam coincidências. Assim o facto do Prof. Cavaco Silva apresentar mais um livro e comentar as presidenciais não seria despropositado; o facto do Eng. António Guterres ter discursado a explicar a sua saída do governo num jantar oferecido pelo Dr. Mário Soares também não seria despropositado. Mas isto é o Prof. Marcelo, comentador e analista, as restantes figuras poderão não concordar (como aliás tentam tornar público).
Mantendo essa ponderação mas mudando de actividade, haverá coincidências no design? Se houver uma capa de CD musical e um cartaz de divulgação numa livraria que se assemelhem, será coincidência? Se ilustrações de um designer português e uma campanha italiana se assemelharem, será também coincidência? Se o logotipo de um grupo de design nacional e um outro desenhado por um grupo inglês se assemelharem, será igualmente coincidência? E se houver um autocarro a correr o país com fotografias que se assemelham a outros projectos que facilmente observamos na Internet, será tudo coincidência?
Observe-se atentamente a minha questão, eu ao contrário do Prof. Marcelo não o afirmo declaradamente, tenho as minhas reservas. Afinal, o universo da comunicação é vasto. Mas não estaremos também a presenciar demasiados momentos de repetição? Onde dificilmente nos surpreende qualquer objecto, devido ao elevado índice de semelhança?
Estreou-se uma moda, já não tão recente, de catalogar projectos como "conceptuais". Falei com muita gente que usava o termo para o bom e para o mau. Reparei também que não conheciam o significado da palavra, mas sim a acção necessária que dela advinha. Ou seja, ter um trabalho "conceptual" implicava que não era facilmente entendido e que por isso seria indispensável um esforço, o mesmo que dizer, tinha que usar o cérebro e sabemos que os "profissionais" não estão na disposição de o fazer (uns não têm tempo, outros não têm mesmo os miolos). Mas não estará este desprezo pelo "conceptual" a tornar irremediavelmente monótona a nossa função, impedindo de projectar com originalidade e aumentando gradualmente o nível de preguiça? Tanto ao ponto de apenas procurarmos inspiração em outros objectos de design, que "acidentalmente" são parecidos aos nossos?
Mas isto sou eu, que comento e analiso, as outras figuras talvez digam que não.

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