3.3.04
If Vermeer were alive today...
Em "Girl with a pearl earring" há actualidade. Não falarei tanto do filme como talvez ele mereça. Se não existe um "plot" que concentre a atenção e a perspicácia, até porque nota-se que não era esse o objectivo maior da obra, existe uma perícia na imagem. Estar na sala de cinema a ver este filme, é no sentido mais honesto do comentário, estar na Holanda do século XVII. Se o responsável pela fotografia é português, é perfeitamente indiferente; o que realmente importa é que faz um trabalho notável.
Mas há ainda, contudo, na história de Griet e Vermeer uma abordagem da vida do artista que não passa ao lado. Encurralado entre a falta de inspiração e o tempo que tal lhe demora e as encomendas irreflectidas de um patrono (retratado esse sim, como se de um português se tratasse), o artista sente-se impotente.
Neste contexto, o mais actual surge na declaração de sua sogra, «It's just pictures, they don't mean anything!». E que bom que era pensar que com o tempo as coisas se tornam mais claras, evidentes, lúcidas. Engano o nosso! Ainda hoje qualquer artista ou designer poderá testemunhar o mesmo a partir de reacções ou comentários ao seu trabalho. Já para não falar em encomendas, que no mínimo poderiamos designar como "parvas", à falta de melhor português (ou mais sincero).
Em "New Media Culture in Europe", publicado em 1999 em Amesterdão alguém escreve: «If Leonardo were alive today he would be a graphic designer»; quem sabe se Vermeer também. Mas ainda bem que não! Que triste seria desperdiçar tanto génio, ou simplesmente tanto talento na concepção de imagens.
Não faz ninguém pensar na actualidade?
Mas há ainda, contudo, na história de Griet e Vermeer uma abordagem da vida do artista que não passa ao lado. Encurralado entre a falta de inspiração e o tempo que tal lhe demora e as encomendas irreflectidas de um patrono (retratado esse sim, como se de um português se tratasse), o artista sente-se impotente.
Neste contexto, o mais actual surge na declaração de sua sogra, «It's just pictures, they don't mean anything!». E que bom que era pensar que com o tempo as coisas se tornam mais claras, evidentes, lúcidas. Engano o nosso! Ainda hoje qualquer artista ou designer poderá testemunhar o mesmo a partir de reacções ou comentários ao seu trabalho. Já para não falar em encomendas, que no mínimo poderiamos designar como "parvas", à falta de melhor português (ou mais sincero).
Em "New Media Culture in Europe", publicado em 1999 em Amesterdão alguém escreve: «If Leonardo were alive today he would be a graphic designer»; quem sabe se Vermeer também. Mas ainda bem que não! Que triste seria desperdiçar tanto génio, ou simplesmente tanto talento na concepção de imagens.
Não faz ninguém pensar na actualidade?