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20.2.04

Danos colaterais? 

Haverá hoje um verdadeiro espaço para os designers gráficos?
Qualquer leitor semi-atento e semi-conhecedor do termo dira que sim, concerteza que sim; afinal eles são tantos....
Mas refiro-me ao verdadeiro designer gráfico, aquele que em vez de ser considerado "gráfico" ou paginador, faz design, comunicação, concebe, pensa, projecta. Diria que pelo menos no que diz respeito ao universo editorial das revistas, não.
O primeiro factor preocupante até é mesmo o jornalístico, não leio nada este mês que não tenha lido o mês passado. É generalista demais dirão, claro que sim, pois há noticias todos os dias; mas tal afirmação não é totalmente refutável, sobretudo se caminharmos para uma análise com base na segmentação dos públicos.
Mas é o projecto visual que está invariavelmente condenado. A capa é insistentemente uma pessoa, reparem, não uma ideia, não um assunto, mas uma pessoa, de preferência conhecida. Se alguém ousa inovar, é para substituir por uma ilustração, que para ser "bem" é do João Fazenda ou de outro colega do grupo que ilustram tudo e mais alguma coisa, que já parece indiferenciável. O plano gráfico é intocável, a única pessoa que decide é o director; um mês de trabalho em composição e o director (ou cada vez mais a directora, residente em Cascais, na casa dos 50) olham e decidem alterar, porque para o seu superior julgamento está "horroroso".
Com algum saudosismo relembro as capas da Esquire, com o Andy Warhol a afogar-se na própria lata de sopa, ou o Nixon a ser maquilhado, ou até as soberbas composições da Almanaque pelo Sebastião Rodrigues.
Vi um anúncio à Tv Guia com a fotografia da Catarina Furtado na capa, por baixo dizia em letras gordas "Perseguida" e por baixo disto em letras reduzidas, quase ilegíveis "pela Tv Guia durante uma semana". Cada vez mais este termo tão difundido e temido de "comunicação social" tende a ser substítuido por "venda social".
Belas coisas que se compram.

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