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9.3.06

Qual é a ideia do novo BES? (Tempo I) 

O tempo é uma das mais importantes componentes do trabalho de um designer. Está presente em todo o processo e é um factor essencial a ter em consideração em qualquer projecto. Qualquer metodologia em que o processo de trabalho se divida implica uma separação de operações, uma calendarização e um cumprimento sujeito a quantidades de tempo maiores ou menores, intercaladas ou simultâneas. O domínio do projecto é em grande parte a capacidade de gerir as várias fases do processo bem como o controlo do tempo de contacto com o cliente, desde o briefing inicial até à entrega.
O tempo para o designer é sempre desequilibrado. O prazo é sempre apertado, o cliente quer o trabalho no mínimo tempo possivel para só pagá-lo no máximo tempo possível.
É fácil para um designer ter noção do tempo a passar. Momentos de grande agitação e de presenças assíduas à sua volta intervalam com momentos em que não tem ninguém à volta e onde se aproveita para “esvaziar” a cabeça de todos os pormenores do projecto que passou na esperança de consolidar uma visão fresca e atenta do que virá.
E há uma concepção de tempo que julgo ser competência do designer introduzir permanentemente no projecto em mãos. Qualquer que seja o objecto a conceber, apenas será utilizado no futuro; ou seja, o objectivo de qualquer esboço deve ser a certeza da sua presença no tempo que há-de vir e de medir as implicações dessa integração temporal. O tempo de concepção e o tempo de utilização nunca são os mesmos, de nada valendo o menosprezo desta importância.
As grandes marcas nacionais que recentemente têm apresentado novas identidades visuais, apresentam igualmente um défice de ideias novas. Entre BES, Continente, TMN, EDP, Totta, para citar as mais recentes, há muita coisa em comum. São matérias da responsabilidade de agências de publicidade, mesmo que em parceria com gabinetes de design de onde se consegue extrair a influência e a redução de interesse das imagens apresentadas, essencialmente no seu fraco prolongamento para as campanhas de comunicação, nomeadamente de apresentação da nova marca. Formalmente fazem o possível para se assemelhar às restantes numa clara deturpação populista do que é ser “actual”, o que invariavelmente termina com o arredondamento de letras e simbolos. E sobretudo dizem todas respeito ao passado. Não há em nenhuma delas uma proposta para o futuro, não há uma diferença em relação às outras a não ser a obtenção de um cromatismo próprio para justificar um posicionamento isolado no mercado em cada uma das suas áreas de competência, no que é uma quase irreversível lógica de redução da comunicação aos básicos pressupostos do marketing.
No caso do BES, o último a fazê-lo (tudo indica que a Caixa Geral de Depósitos será a próxima), o caso complica-se. Porque sendo uma “nova” imagem está presa ao passado e ainda escolhe como conceito para colocar em quase todos os suportes de comunicação o “Futuro”; porque afirma através de um dos seus responsáveis, na televisão, que mudaram de imagem, não mudando quase nada. O simbolo pouco mudou e a cor (só) ficou mais clara.
O BES quer aliciar um público mais jovem, pretende ganhar dinheiro com quem tem menos idade, para isso coloca “Futuro” em todo o sítio, para isso lançou já uma campanha de Crédito à Habitação, para isso afirma que mudou de imagem sem nunca o ter realmente feito. Onde está a ideia de futuro?

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