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5.2.05

Um! O primeiro? 

O teórico do design observa, comenta, indaga, problematiza, mas no limite do seu esforço não resolve nenhum problema. Compreende as situações, os tempos, os objectos; descreve-os com rigor e novidade por vezes, posiciona-os com audácia, disseca-os e apresenta-os sob nova perspectiva. Contudo peca por não se relacionar directamente com o processo, por não acautelar um conhecimento que se distancia da sua intervenção e por tal, tido pelo teórico como menor.
O designer comum compromete-se com o projecto na totalidade do seu tempo, pensa, pesquisa, esboça, resolve, mas escapa-lhe o controle do que se passa, perde nesta cadeia de obstáculos uma visão aprofundada sobre as matérias que constituem o seu trabalho, mesmo que ele as negue.
O primeiro não mergulha no fazer, não conhece condicionantes, atrasos e retrocessos, problemas dispostos numa rede humana e material. Afasta-se para um estudo mais recatado, específico e portanto de menor interesse generalista. O segundo não acredita na mais valia do questionamento como factor de impulsão do desenvolvimento dos projectos e não procura o constante balanço.
É precisamente neste limbo que este blog se encontra, porque a teorização sobre uma actividade deve ser séria, olhando os conflitos e discrepâncias que ela origina, porque essa mesma teorização é realizada sobre uma prática que levanta discussões, perguntas sem resposta fácil e imediata; mas também porque essa teoria pretende, ou a isso deve aspirar, resolver situações ou aproximar-se dos anseios de quem nela se envolve. Uma aluna escreveu-me «não creio que seja um crítico de design, mas sim um designer crítico.»; na admissão que se trata de uma ligeira dicotomia o que aqui se passa e deve continuar a passar, pois as matérias a tratar estão longe de vislumbrar um papel sólido, prolongado e respeitável para o designer em Portugal.
Faz hoje um ano que o DesignerX está presente no pânorama do design em Portugal. Alguns receberam-no com a dúvida natural de quem por cá trabalha, outros alegraram-se, sobretudo os estudantes do ensino superior, que sequiosos por informação, discussão e conhecimento, viram no blog uma alternativa ou um complemento à por vezes paupérrima aproximação feita nas suas escolas.
A importância que tem ou não cabe a outro alguém julgar; certo que dependerá dos seus visitantes, designers, mas não só, a sua continuidade, a sua oportunidade e a sua relevância. Seguramente faz sentido dispor a escrita sobre a matéria enquanto houver necessidade de diálogo e debate, de questionamento e exposição de ideias e processos. Parece útil dado o contexto nacional.
Portugal em termos de design irá desenvolver-se, prosperar e até, esperemos, surpreender. Quando um grupo alargado de indíviduos deixar a profissão, deixar de leccionar, deixar de influenciar (ou não) os clientes e as instituições. Quando surgir a verdadeira hipótese para todo um conjunto de bons profissionais tomar a direcção de uma actividade, que se quer ampla e unida, no mercado e no ensino, na prática e na teoria. Será um processo longo e demorado, não só pelas características periféricas que temos como pelo traço comum que parece reunir quem impede esta natural e saudável alteração.
Até lá estaremos atentos.

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